Possíveis sanções contra Moraes mobilizam a direita nas redes

Nas últimas semanas, o ambiente político nas redes sociais ficou mais intenso com a expectativa de possíveis sanções internacionais contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Um levantamento da empresa de dados Palver com base em mais de 100 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram mostra que a direita tem dominado os debates nesses espaços, conseguindo ditar os principais temas. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.

A situação se acirrou depois que Donald Trump anunciou novas tarifas sobre produtos do Brasil. Grupos de direita passaram a usar o episódio para criticar a diplomacia do governo Luiz Inácio Lula da Silva e sugerir que o país estaria isolado internacionalmente — narrativa reforçada por informações de que o Brasil ficou de fora das tentativas de negociação das tarifas.

Reações, manifestações de Trump e pressão sobre Alexandre de Moraes

O presidente dos EUA, Donald Trump, durante a Cúpula Vencendo a Corrida da IA, em Washington D.C., EUA (23/7/2025) | Foto: Reuters/Kent Nishimura

Mensagens compartilhadas nos grupos responsabilizam Lula pelo suposto isolamento, citando sua postura crítica aos EUA e sua atuação no Brics. O apoio público de Trump a Jair Bolsonaro (PL) foi visto como um aceno simbólico ao ex-presidente, fortalecendo sua imagem entre conservadores.

Ao mesmo tempo, tem ganhado força a convocação de manifestações para 3 de agosto, com foco em críticas ao STF e na possível aplicação da Lei Magnitsky — uma legislação dos Estados Unidos que permite sanções contra autoridades acusadas de violar direitos humanos.

Alexandre de Moraes aparece como principal alvo dessas mensagens, sendo o nome mais citado nas discussões monitoradas.

Críticas internas e “racha” na direita

Dentro da própria direita, surgiram críticas a nomes antes populares. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), por exemplo, passou a ser indagado por apoiadores de Bolsonaro, especialmente depois de críticas públicas de Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Muitos o acusam de ser moderado demais e de se ausentar em momentos importantes.

Paulo Figueiredo também tem ganhado espaço, com vídeos em que ataca o STF, o Congresso e até aliados conservadores, como Michel Temer. Ao lado de Eduardo Bolsonaro, tem defendido um rompimento com o “sistema”, intensificando a polarização no campo da direita.

Em paralelo, grupos ligados à esquerda reagiram com ironia à decisão que obrigou Bolsonaro a usar tornozeleira eletrônica. A imagem virou meme, mas não há uma campanha articulada para transformar isso em narrativa central.

Enquanto isso, o governo enfrenta dificuldades para reagir. Com muitos temas em disputa — tarifas, protestos, críticas ao STF, conflitos internos e a própria tornozeleira —, falta uma estratégia clara para responder à avalanche de pautas nas redes. A direita, por sua vez, tem aproveitado esse vácuo para organizar os debates e ganhar terreno nos espaços virtuais.

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